quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

ATENÇÃO COM SEU DINHEIRO EM 2021!

Régis Varão/¹

Hoje é o último dia útil de 2020, um ano de provações, atribulações e grande aprendizado. Este ano não deixará saudades tendo em vista as inúmeras dificuldades que a população enfrentou durante a pandemia, que continua com péssimos indicadores de mortalidade.

O desempregos atinge cerca de 14 milhões de brasileiros, cerca de 300 mil restaurantes foram fechados, milhares de negócios fecharam suas portas, pois muitos não conseguiram se adaptar aos novos cenários das vendas não presenciais (e-commerce), e setores importantes da economia tiveram grandes prejuízos.

Além da tragédia econômico-financeira, 190 mil brasileiros perderam suas vidas para esse inimigo mortal e invisível. As famílias que perderam entes queridos para a Covid-19 não esquecerão essa tragédia. Além do desemprego, da perda de renda e o cuidado com a pandemia, fazer compras em supermercados está cada vez mais difícil pois tudo está mais caro, alimentos, combustível, remédios etc.

No entanto, apesar desse ano ter sido ruim sob vários aspectos, podemos vislumbrar um 2021 melhor, pelo menos em termos de expectativas. Muitos acreditam que chegando a vacina poderemos ter um ano melhor, mas quando teremos vacina?

Vamos nos ater às expectativas para o Ano Novo que é o principal motivo do texto. Algumas mudanças de hábitos podem contribuir para um 2021 melhor: faça planejamento financeiro, elabore um orçamento pessoal ou familiar (liste receitas e despesas), não descuide dos pequenos valores, liquide a fatura integral do cartão de crédito, evite utilizar o cheque especial, não compre a prazo, se tiver dívidas utilize o 13º salário para quitá-las ou se não estiver endividado guarde parte do 13º para as despesas de início de ano como IPTU, IPVA, matrícula das escolas, material escolar etc.

Final de ano é o período ideal para repensar na vida para os próximos anos e os hábitos financeiros inadequados adotados ao longos de anos e até décadas. Pense em seu futuro e da sua família, assim, reserve uma quantia ou um percentual de sua receita para fazer uma reserva financeira de curto prazo, a conhecida reserva de emergência, e outra de longo prazo com vistas a aposentadoria. Tenha uma renda independente do INSS para sobreviver com qualidade de vida ao se aposentar após décadas de trabalho.

Economize no dia a dia, poupe parte de sua receita, guarde parte de seus proventos para uma reserva financeira, evite comprar supérfluos e assegure um futuro melhor para você e sua família.

Portanto, o segredo da prosperidade é fazer planejamento financeiro, não fazer compras parcelas, economizar no dia a dia, evitar comprar supérfluos, não comprar bens ou serviços que não forem necessários, evitar o cheque especial e endividar-se com o cartão de crédito.

Feliz Ano Novo, com paz, felicidades, muita saúde, prosperidade e vida longa. Que Deus abençoe todos nós.

¹/ Mentor, Consultor, Coach e Educador Financeiro, especializado em educação financeira, finanças pessoais, gestão e desenvolvimento de pessoas. Educador e planejador financeiro há mais de 27 anos. É palestrante de temas ligados à educação financeira, finanças pessoais, inteligência financeira, educação corporativa e liderança, além de ministrar treinamentos e workshops nessas áreas. É Master Practitioner em PNL. Economista com mestrado e doutorado em economia, é também bacharel em direito. Tem se dedicado ao estudo do dinheiro e das finanças pessoais nas últimas três décadas. Foi professor universitário durante vinte e três anos e servidor do Banco Central por 36 anos. Visite o site www.ravecofinancas.com e o instagram @ravregisvarao.

terça-feira, 10 de março de 2020

IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO FINANCEIRO
Régis Varão/¹

Assim como o governo federal, estados, municípios e empresas têm seus orçamentos, as famílias e os indivíduos também precisam de um para fazer previsões de receitas e despesas, tendo em vista os recursos existentes. O orçamento é fundamental para quem deseja ter suas contas em ordem e se preparar para o futuro com qualidade de vida.

Todos temos sonhos, que podem ser desde a compra de uma nova TV, uma viagem de férias, a troca do veículo, até a aquisição da casa própria. A maneira mais prática de realizar sonhos está no modo como elaboramos o orçamento e lidamos com o dinheiro. Os recursos podem ser provenientes de salário, pró-labore, aplicações financeiras, aluguéis, serviços de consultoria etc. Já as despesas são mais complexas, e na grande maioria das vezes quando não controladas levam ao endividamento.

O modo mais prático de se obter sucesso financeiro é fazendo e seguindo o orçamento, que é a primeira e talvez a mais importante fase do planejamento financeiro. Passos para elaborar um orçamento:

FASE I:

Relacione as despesas feitas e as receitas auferidas em determinado período (mês, trimestre etc). Guarde os comprovantes das despesas e receitas. Os gastos de pequenos valores (cafezinho etc) também devem ser guardados;

FASE II:

Relacionar a receita mensal líquida daqueles que  tem renda fixa. Para quem vive de comissões, faz-se a média dos últimos meses e evita-se surpresas desagradáveis em períodos de queda de receita;

FASE III:

As despesas podem ser relacionadas por grupo: (a) alimentação (padaria, supermercado etc); (b) moradia (aluguel, condomínio, iptu, água, telefone, luz etc); (c) saúde (plano de saúde, consulta médica, remédios etc); (d) transporte (financiamento de veículo, combustível, ipva, seguro etc); (e) lazer (cinema, restaurantes, internet, TV a cabo etc); (f) educação (colégio/faculdade, material escolar etc); (g) despesas pessoais (salão de beleza etc); (h) despesas financeiras (juros de empréstimos bancários, tarifas bancárias, juros do cheque especial etc). As despesas financeiras contribuem para mostram a saúde financeira e o comprometimento do patrimônio;

FASE IV:

Somar despesas e receitas e verificar se existe superávit ou déficit. Nesta fase descobre-se onde estão os ralos financeiros, os locais por onde está sumindo o dinheiro;

FASE V:

Com base no resultado anterior, temos parâmetros para elaborar o orçamento em nova perspectiva, pois temos uma visão completa da estrutura de gastos. Agora parte-se para uma análise comparativa mensal da evolução das receitas/despesas e continuar fazendo os ajustes (possíveis cortes) necessários para atingir os objetivos estabelecidos.

Elaborado o orçamento, percebemos como foi difícil e muitas vezes dolorida sua elaboração, a descoberta dos pequenos e imperceptíveis valores gastos, e os aspectos emocionais envolvidos e os hábitos antigos.

Com a elaboração do orçamento temos a real dimensão do endividamento, dos ralos por onde sai grande parte das receitas. Fica mais fácil trabalhar com foco no longo prazo. Por outro lado, nos mostra alternativas: aumentar as receitas e reduzir despesas; aumentar as receitas mantendo inalteradas as despesas; manter estável as receitas e reduzir as despesas. São muitas as possibilidades, mas aumentar as receitas e reduzir as despesas pode ser considerada uma ótima alternativa.

Um bom orçamento pode levar ao conhecimento do real padrão de despesa das pessoas, além de ajudar a descobrir para onde está indo parte significativa do dinheiro. É a peça mais importante do planejamento, pois, poderá induzir o indivíduo e as famílias a pensarem no futuro, esquecendo-se do imediatismo.

Portanto, o orçamento não pode ficar apenas na teoria, tem que ter compromisso do indivíduo e dos membros da família (se for casado), ou seja, tem que obrigatoriamente rever conceitos, mudar atitudes, pensar no longo prazo e perceber quão importante é o orçamento para uma boa saúde financeira.

¹/ Mentor, Consultor e Coach Financeiro, especializado em educação financeira, finanças pessoais, gestão e desenvolvimento de pessoas. Educador e planejador financeiro há mais de 25 anos. É palestrante de temas ligados à educação financeira, finanças pessoais, inteligência financeira, educação corporativa e liderança, além de ministrar treinamentos e workshops nessas áreas. É Master Practitioner em PNL. Economista com mestrado e doutorado em economia, é também bacharel em direito. Tem se dedicado ao estudo do dinheiro e das finanças pessoais nas últimas três décadas. Foi professor universitário durante vinte e três anos e servidor do Banco Central por 36 anos. Visite o site www.ravecofinancas.com e o instagram @ravregisvarao.

domingo, 1 de março de 2020

CONFIANÇA DO CONSUMIDOR RECUA EM JANEIRO
Régis Varão/¹

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da FGV, recuou 1,2 ponto em jan/20 chegando a 90,4 pontos, e decresceu 4,9 pontos na comparação anual. As avaliações sobre o presente e as expectativas em relação aos próximos meses apresentaram piora no primeiro mês do ano. O Índice de Situação Atual (ISA) diminuiu 0,9 ponto (78,7 pontos), a primeira queda após duas altas consecutivas, e subiu 2,2 pontos frente a jan/19. Com a baixa de 1,4 ponto, o Índice de Expectativas (IE) deixou a zona de neutralidade atingida em dez/19 (100,3 pontos), caindo para 98,9 pontos no mês seguinte, e contribuiu fortemente para o declínio do ICC em janeiro.

Segundo Viviane Bittencourt, Coordenadora da Sondagem do Consumidor da FGV, “A confiança do consumidor caiu ligeiramente após subir 2 pontos no mês anterior. Há uma percepção de piora da situação financeira familiar principalmente para os consumidores com menor poder aquisitivo, que pode estar relacionada à pressão recente nos preços de alimentos. Em relação ao futuro, houve redução do ímpeto de compras de duráveis, tendência que pode implicar num efeito redutor sobre o consumo nos próximos meses, caso se mantenha. Para que a confiança avance mais rapidamente, continua sendo necessária a aceleração da recuperação do mercado de trabalho e a redução da incerteza que ainda se mantém em níveis altos em termos históricos”.

Entre os componentes do ICC, o indicador que mede a intenção de compras de bens duráveis para os próximos meses apresentou o maior impacto no declínio da confiança em jan/20 quando chegou a 76,3 pontos (queda de 5,4 pontos), e atingiu o menor nível desde mai/17 (74,7 pontos).

Segundo a FGV, “O resultado parece estar relacionado a piora da percepção dos consumidores sobre a situação financeira da família no momento. O indicador que mede a satisfação com as finanças familiares caiu 3,2 pontos, para 73,2 pontos, enquanto as expectativas se mantiveram relativamente estáveis como indicador variando -0,4 ponto, para 100,9 pontos, um patamar considerado otimista”.

Com relação ao Índice de Confiança do Consumidor-ICC por faixa de renda, houve declínio da confiança em todas as faixas de renda pesquisadas, exceto para as famílias com renda familiar mensal entre R$2.100,01 e R$4.800,00. A maior pressão negativa veio dos consumidores de maior renda (acima de R$9,6 mil) cujo índice de confiança recuou 2,4 pontos influenciado pela redução no ímpeto de compra de bens duráveis nos próximos meses. O menor impacto negativo foi das famílias com renda mensal entre R$4.800,01 e R$9.600,00 que caiu 0,3 ponto. As famílias com renda mensal até R$2.100,00 apresentaram declínio de 1,3 ponto.

Portanto, a confiança do consumidor em janeiro apresentou declínio nas duas bases de comparação, e foi fortemente pressionada pelo indicador que afere a intenção de compras de bens duráveis para meses futuros. O desempenho da confiança pode estar ligado a percepção de piora da situação financeira dos consumidores de menor poder aquisitivo. Enquanto o mercado de trabalho não apresentar melhora substancial e a atividade econômica não mostrar mais força a tendência é a confiança do consumidor continuar nesse patamar.

¹/ Mentor, Consultor e Coach Financeiro, especializado em educação financeira, finanças pessoais, gestão e desenvolvimento de pessoas. Educador e planejador financeiro há mais de 25 anos. É palestrante de temas ligados à educação financeira, finanças pessoais, inteligência financeira, educação corporativa e liderança, além de ministrar treinamentos e workshops nessas áreas. É Master Practitioner em PNL. Economista com mestrado e doutorado em economia, é também bacharel em direito. Tem se dedicado ao estudo do dinheiro e das finanças pessoais nas últimas três décadas. Foi professor universitário durante vinte e três anos e servidor do Banco Central por 36 anos. Visite o site www.ravecofinancas.com e o instagram @ravregisvarao.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS CAI EM JANEIRO
Régis Varão/¹

O endividamento das famílias caiu de 65,6% em dez/19 para 65,3% em jan/20, enquanto na comparação anual subiu 5,2 p.p. O percentual de famílias com contas/dívidas em atraso decresceu entre dez/19 (24,5%) e jan/20 (23,8%), mas subiu na comparação anual (+0,9 p.p.). As famílias sem condições de pagar suas contas em atraso apresentaram o mesmo comportamento, caindo de 10% em dez/19 para 9,6% no mês seguinte, elevando, contudo, na comparação anual (+0,5 p.p.), segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor-PEIC.

Segundo José Roberto Tadros, da CNC, apesar de o endividamento permanecer em um patamar elevado, a queda nos indicadores de atraso e inadimplência reforçou que as dívidas têm sido compatíveis com a renda das famílias. Afirma Tadros, “As melhores condições do crédito têm permitido a ampliação desse mercado ao consumidor, que vem tendo mais segurança para comprar por conta da melhora recente do mercado de trabalho, confirmada pelos últimos indicadores econômicos”.

O endividamento com cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnê de loja, prestação de carro e de casa atingiu 65,3% em jan/20, representando declínio de 0,3 p.p. frente a dez/19. Já com relação a jan/19 apresentou elevação significativa de 5,2 p.p.

O percentual de famílias com dívidas em atraso caiu no primeiro mês do ano, passando de 24,5% em dez/19 para 23,8% em jan/20. No entanto, houve aumento do percentual de famílias inadimplentes em relação a jan/19 (22,9%). O percentual de famílias sem condições de pagar suas contas em atraso e que, e continuam inadimplentes decresceu na comparação mensal, para 9,6% em jan/20, ante 10% observado em dez/19, enquanto registrou 9,1% em jan/19.

O quantitativo de famílias endividadas apresentou tendência análoga entre as faixas de renda pesquisadas, nas duas bases de comparação. Famílias que ganham até 10 salários mínimos (<10 SM), o endividamento alcançou 66,4% em jan/20, abaixo dos 66,6% de dez/19, e acima dos 60,9% de jan/19. Para as famílias com renda acima de 10 salários mínimos (>10 SM), o endividamento caiu no período dez/19 e jan/20, de 61,4% para 60,9%. Em jan/19, o endividamento nesse grupo de renda era 57,1%.

Com relação ao percentual de famílias com contas em atraso foi observado tendência distinta entre os grupos pesquisados, nas duas bases de comparação. Em famílias com renda >10 SM, o percentual de inadimplência permaneceu estável na comparação mensal, em jan/20 (10,8%), mas superior aos 11,2% de jan/19. Na faixa de renda (<10 SM), o percentual de famílias com contas em atraso caiu de 27,7% em dez/19 para 26,9% no mês seguinte. Em jan/19, 25,5% das famílias nessa faixa de renda estavam com contas em atraso.

O percentual das famílias sem condições de pagar suas contas em atraso apresentou comportamento distinto entre os grupos pesquisados, na comparação mensal. Na faixa de renda >10 SM, o indicador atingiu 3,6% em jan/20, ante 3,5% em dez/19 e 3,4% em jan/19. Para o grupo com renda <10 SM, o percentual de famílias sem condições de quitar suas dívidas passou de 11,8% em dez/19 para 11,2% no mês seguinte, enquanto em jan/19 subiu 0,6 p.p.

A proporção das famílias muito endividadas permaneceu estável entre dez/19 e jan/20, em 14,5% do total de famílias. Na comparação anual, houve crescimento de 2,5 p.p. Na comparação jan/19-jan/20, a parcela das famílias mais ou menos endividada ficou estável em 23,2%, e a pouco endividada subiu de 24,9% para 27,6%.

Com relação às contas em atraso, o tempo médio de atraso foi de 63,7 dias em jan/20, ante 64,4 dias de jan/19. O tempo médio comprometido com dívidas entre as famílias endividadas foi 7 meses, sendo que 25,7% delas comprometidas com dívidas até 90 dias, e 33% acima de 12 meses. Entre as endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas subiu de 29,3% em jan/19 para 29,4% em jan/20, e 19,4% afirmaram ter mais da metade da renda mensal destinada a pagamento de dívidas.

O Cartão de Crédito continua na liderança como o principal tipo de dívida para 79,8% das famílias endividadas em jan/20, seguido por Carnês de Loja (15,9%), Financiamento de Carro (10,9%), Financiamento de Casa (9,3%), Crédito Pessoal (7,4%), Cheque Especial (6,5%), Crédito Consignado (5,5%), Cheque Pré-datado (1,1%) e Outras Dívidas (2,2%). Para as famílias com renda <10 SM, o Cartão de Crédito (80,1%), Carnês de Loja (16,7%) e Financiamento de Carro (9%), foram os principais tipos de dívida apontados em jan/20. Para as famílias com renda >10 SM, os principais tipos de dívida foram: Cartão de Crédito (78,7%), Financiamento de Carro (19%) e Financiamento de Casa (16,5%).

Portanto, após  atingir em dez/19, o maior percentual da série histórica com dois meses consecutivos de crescimento, o nível de endividamento das famílias começou o ano em declínio. Importante observar que o decréscimo da parcela média da renda comprometida com empréstimos e financiamento é positivo, além de registrar o menor valor desde mai/19. Por outro lado, a preferência das famílias pelo cartão de crédito como forma de endividamento, indica completa ausência de educação financeira.

¹/ Mentor, Consultor e Coach Financeiro, especializado em educação financeira, finanças pessoais, gestão e desenvolvimento de pessoas. Educador e planejador financeiro há mais de 25 anos. É palestrante de temas ligados à educação financeira, finanças pessoais, inteligência financeira, educação corporativa e liderança, além de ministrar treinamentos e workshops nessas áreas. É Master Practitioner em PNL. Economista com mestrado e doutorado em economia, é também bacharel em direito. Tem se dedicado ao estudo do dinheiro e das finanças pessoais nas últimas três décadas. Foi professor universitário durante vinte e três anos e servidor do Banco Central por 36 anos. Visite o site www.ravecofinancas.com e o instagram @ravregisvarao.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

CRÉDITO CONSIGNADO PODE REDUZIR O ENDIVIDAMENTO
Régis Varão/¹

Essa modalidade de crédito se popularizou nos últimos dezessete anos tendo em vista a facilidade com que pode ser utilizado. As parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento do contratante. Por isso, o endividamento é menor, assim como as taxas de juros, já que o banco tem mais garantia quanto ao recebimento da dívida.

Substituiu o antigo desconto em folha, embora o mecanismo seja praticamente o mesmo. É muito utilizado por servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS e em menor escala por trabalhadores do setor privado. Estimulado pelo excesso de publicidade e facilidade na contratação, vem crescendo fortemente nos últimos anos.

Qualquer empregado que trabalhe no regime CLT, a pelo menos seis meses, pode solicitar esse tipo de empréstimo. O limitador do valor desejado é o salário mensal do tomador do crédito. De acordo com a lei, a parcela a ser descontada obedece a margem consignável de 30% da renda líquida mensal. A oferta de novos produtos no mercado, levou vários segmentos da sociedade a utilizar essa modalidade de crédito, que é tomado sem nenhuma burocracia, e atende o desejo de consumo dessa parcela da população.

Tendo em vista a facilidade com que o setor bancário oferece o crédito, os endividados têm buscado essa modalidade, principalmente quando não conseguem novas linhas de crédito no setor bancário. O consignado é a última opção do endividado, tendo em vista que os juros praticados no segmento são baixíssimos quando comparados aos praticados pelo rotativo do cartão de crédito e do cheque especial.

Vamos exemplificar as modalidades consignado e crédito rotativo. Um consignado com taxa de 1,29% a.m. fica em 17% a.a. para o tomador, enquanto no crédito rotativo sobe para cerca de 300% a.a., uma diferença gritante. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor-Peic, as famílias brasileiras preferem o cartão de crédito como tipo de dívida, o que dificulta a saída do ciclo vicioso do endividamento. A pesquisa indica que o endividamento com cartão de crédito atingiu 79,8% em jan/20.

Na euforia provocada pela onda consumista e ausência de educação financeira, a maioria das pessoas, muitas vezes esquece que o crédito consignado, fácil de ser obtido, pode transformar-se em mais uma dor de cabeça.

A ausência de educação financeira pode levar o indivíduo ou a família a ficar refém de compras por impulso, desnecessárias, repetidas, enfim, a falta de planejamento pode levar o cidadão ao endividamento. A pesquisa Peic indica que o endividamento das famílias passou de 60,1% em jan/19 para 65,3% em jan/20. No caso do servidor público, a estabilidade funcional e o salário médio acima das demais categorias explicam a elevação do endividamento com consignado. Os trabalhadores do setor privado por não terem estabilidade e os elevados salários do setor público são mais comedidos na utilização desse crédito, enquanto os aposentados, em alguns casos, sofrem pressões de familiares para elevar o endividamento.

O alerta que podemos fazer é principalmente para os servidores públicos, cuja renda elevada, e com limites de crédito bastante flexíveis, pode ser, no médio prazo um fator de risco para a saúde financeira, tendo em vista que pode comprometer a totalidade de seus proventos, piorando a qualidade de vida presente e futura.

Tenha cuidado na utilização de qualquer linha de crédito, inclusive o consignado. Caso esteja com problema de endividamento, liste as dívidas, vencidas e a vencer nos próximos dias e meses, negocie com os credores e utilize o crédito consignado para liquidar as dívidas que cobram juros mais elevados, como o cartão de crédito e cheque especial. Dependendo do resultado da negociação o consignado pode contribuir para dar uma solução definitiva ao endividamento.

Portanto, a negociação e o crédito consignado são as melhores soluções para quem está endividado. Nunca utilize qualquer linha de crédito, mesmo o consignado, se não tiver feito um planejamento financeiro adequado ou não tiver uma destinação específica para o recurso. Fique atento às “excelentes” ofertas que os gerentes de banco fazem. Essa bondade bancária apenas garante o cumprimento de metas dos gerentes e mais lucro para os bancos.

¹/ Mentor, Consultor e Coach Financeiro, especializado em educação financeira, finanças pessoais, gestão e desenvolvimento de pessoas. Educador e planejador financeiro há mais de 25 anos. É palestrante de temas ligados à educação financeira, finanças pessoais, inteligência financeira, educação corporativa e liderança, além de ministrar treinamentos e workshops nessas áreas. É Master Practitioner em PNL. Economista com mestrado e doutorado em economia, é também bacharel em direito. Tem se dedicado ao estudo do dinheiro e das finanças pessoais nas últimas três décadas. Foi professor universitário durante vinte e três anos e servidor do Banco Central por 36 anos. Visite o site www.ravecofinancas.com e o instagram @ravregisvarao.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS MELHORA EM FEV/20
Régis Varão/¹

A Intenção de Consumo das Famílias-ICF atingiu 99,3 pontos em fev/20, a maior pontuação desde abr/15 (102,9 pontos) e o melhor valor para um mês de fevereiro desde 2015, quando registrou 117,8 pontos. O indicador subiu 1,2% em fev/20, na comparação mensal, e registrou alta de 0,8% na anual. Embora tenha apresentado crescimento nas duas bases de comparação, o indicador ficou abaixo do nível de satisfação de 100 pontos, o que acontece desde abr/15.

Na avaliação por faixa de renda, o ICF para famílias com renda acima de 10 salários mínimos (SM) mostraram-se satisfeitas com o nível de intenção de compras, enquanto as famílias com renda inferior a 10 SM representou insatisfação.

Análise dos componentes:

1. Emprego Atual:

O sentimento quanto a segurança no emprego registrou evolução mensal de 0,8% em fev/20 (119,9 pontos) e declínio de 0,8% anual. A maior parte dos entrevistados, 39,1%, se sente mais segura em relação ao Emprego Atual, um percentual superior ao observado no mês anterior (38,5%) e acima do verificado em fev/19 (37,4%). O patamar observado em fev/20 (119,9 pontos) foi o maior desde mar/19 (120,7 pontos), revelando satisfação das famílias nesse componente. O crescimento das contratações líquidas confirma esse desempenho;

2. Nível de Consumo Atual:

Esse subíndice registrou crescimento de 4,1% em fev/20 (76,6 pontos), ante o mês anterior e subiu 0,2% na comparação anual. A maioria das famílias pesquisadas “consideraram que em fevereiro de 2020 o nível de Consumo Atual foi menor do que no ano passado (44,8%), ante 46,3% no mês anterior e 44,6% em fevereiro de 2019”. Em fev/20, esse indicador registrou o menor valor entre os sete componentes do ICF;

3. Acesso ao Crédito (Compra a Prazo):

Esse componente atingiu 95,4 pontos em fev/20 e apresentou crescimento de 4,3% naquele mês, ante o mês anterior, e registrou elevação de 6,7% na comparação anual. Nas duas bases de comparação foi a maior variação percentual positiva observada entre os componentes do ICF. O percentual de famílias que acreditam que comprar a prazo está mais fácil passou de 30% em jan/20 para 32,1% no mês seguinte, contra 28,2% registrado em fev/19. O bom desempenho desse subíndice deve-se em grande parte a melhora da percepção das famílias com relação à oferta de crédito, enquanto a queda dos juros serviu de incentivo para comprar a prazo;

4. Momento para Duráveis:

Esse componente apresentou o maior declínio entre os componentes do ICF, ao cair 5,4% em fev/20 (79,3 pontos), ante o mês anterior, e registrou incremento de 5,4% na comparação anual. O valor desse subíndice em fev/20, é o maior desde mar/15 (92,1 pontos). O percentual “de consumidores que acredita ser um momento positivo atingiu 35,6%, seu maior percentual desde março de 2015 (41,8%) e acima tanto dos 34,6%, observados no mês anterior, quanto dos 33,3% em fevereiro de 2019. Apesar dessa melhora, o indicador correspondeu à única variação negativa do mês, -5,4%. Contudo, não foi o suficiente para anular o aumento acumulado de +15,3% que o item obteve nos quatro meses anteriores”, segundo o relatório da CNC;

5. Renda Atual:

Esse componente registrou elevação nas duas bases de comparação, mensal (1,6%) e anual (2,7%). O subíndice atingiu 114,6 pontos em fev/20, sendo o segundo maior valor observado naquele mês entre os componentes do ICF. As avaliações positivas da Renda Atual, em fev/20, atingiram 38,1% das famílias ante 37,9% no mês anterior e 35,1 na comparação anual, registrando o maior percentual desde mai/15 (39,3%). O valor observado em fevereiro deste ano foi o maior desde mai/15 (115,1 pontos). É provável que o otimismo a respeito do componente esteja relacionado a uma inflação mais baixa, impactando positivamente o poder de compra das famílias;

6. Perspectiva de Consumo:

Esse subíndice registrou elevação de 3,1% em fev/20 (100,3 pontos), após duas quedas consecutivas, ante o mês anterior, e apresentou decréscimo de 1,7% na comparação anual. O valor registrado em fevereiro deste ano foi o mais elevado desde mar/19 quando chegou a 102,2 pontos. Quanto ao comportamento desse subíndice, 36,4% das famílias acreditam que consumirão mais nos próximos três meses, superando pela primeira vez desde fev/19 a parcela de famílias que aposta na redução do seu consumo. Apesar da satisfação das famílias com o longo prazo, elas estão mais cautelosas do que em 2019;

7. Perspectiva Profissional:

Esse subíndice apresentou elevação modesta de 0,3% em fev/20 (108,7 pontos), após dois meses de decréscimo, na comparação mensal, e registrou declínio de 4,5% na anual, representando a maior queda entre os componentes em fevereiro deste ano. A maior proporção de famílias (49,2%) apresentou perspectiva profissional positiva, ante o mês anterior que atingiu 47,8% e 51,5% na comparação com fev/19. O indicador representou satisfação das famílias com o futuro profissional das famílias para os próximos seis meses, sugerindo efeitos positivos do declínio do desemprego.

Portanto, o ICF atingiu em fev/20 o maior valor desde abr/15, tendo registrado o melhor desempenho para meses de fevereiro desde 2015. Com base nesse resultado, as famílias se mostraram mais otimistas com relação ao consumo para 2020.

¹/ Mentor, Consultor e Coach Financeiro, especializado em educação financeira, finanças pessoais, gestão e desenvolvimento de pessoas. Educador e planejador financeiro há mais de 25 anos. É palestrante de temas ligados à educação financeira, finanças pessoais, inteligência financeira, educação corporativa e liderança, além de ministrar treinamentos e workshops nessas áreas. É Master Practitioner em PNL. Economista com mestrado e doutorado em economia, é também bacharel em direito. Tem se dedicado ao estudo do dinheiro nas últimas três décadas. Foi professor universitário durante vinte e três anos e servidor do Banco Central por 36 anos. Visite o site www.ravecofinancas.com e o instagram @ravregisvarao.

domingo, 12 de janeiro de 2020

ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS AUMENTOU EM DEZEMBRO
Régis Varão/¹

O endividamento das famílias atingiu 65,6% em dez/19, atingindo o maior percentual da série histórica da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor-PEIC. O percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso apresentou retração no período nov-dez/ 19, chegando a 24,5% em dez/19. O percentual de famílias sem condições de pagar suas contas em atraso também decresceu no período, ficando em 10% em dez/19, segundo a pesquisa.

Segundo José Roberto Tadros, da CNC, o resultado apesar de ligar o sinal de alerta, não pode ser considerado negativo. Afirma ainda, como o endividamento não foi acompanhado de um aumento expressivo da inadimplência, os dados indicam uma dívida com responsabilidade e compatível com a renda das famílias.

O endividamento com cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnê de loja, prestação de carro e casa atingiu 65,6% em dez/19, representando alta em relação aos 65,1% de nov/19. Com relação a dez/18 apresentou elevação significativa chegando a 59,8% do total de famílias.

O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso caiu em dez/19, na comparação mensal, passando de 24,7% para 24,5% do total. No entanto, houve incremento do percentual de famílias inadimplentes em relação a dez/18, quando registou 22,8% do total. O percentual de famílias sem condições de pagar suas contas em atraso e que, portanto, continuariam inadimplentes também declinou, na comparação mensal, para 10,0% em dez/19, ante 10,2% do mês anterior, enquanto registrou 9,2% em dez/18.

O quantitativo de famílias endividadas apresentou tendências distintas entre as faixas de renda pesquisadas, na comparação mensal. Famílias que ganham até 10 salários mínimos (<10 SM), o endividamento alcançou 66,6% em dez/19, acima dos 65,9%, observados em nov/19, e superior aos 60,8% de dez/18. Para as famílias com renda acima de 10 salários mínimos (>10 SM), o endividamento caiu no período nov-dez/19, de 61,6% para 61,4%. Em dez/18, o endividamento nesse grupo de renda era de 55,8%.

O percentual de famílias com dívidas em atraso apresentou tendências similares entre os grupos de renda pesquisados, na comparação anual. Na faixa de renda <10 SM, o percentual com contas em atraso ficou estável em 27,7% em dez/19. Em dez/18, 25,5% das famílias nessa faixa de renda estavam com contas em atraso. Na faixa de renda >10 SM, a inadimplência chegou a 10,8% em dez/19, abaixo dos 11,6% de nov/19, mas acima dos 10,5% de dez/18.

Com relação ao percentual de famílias, por faixa de renda, sem condições de pagar as contas em atraso apresentou comportamento similar entre os grupos pesquisados, na comparação mensal. Em famílias com renda >10 SM, o indicador alcançou 3,5% em dez/19, ante 3,6% em nov/19 e 3,8% em dez/18. O grupo com renda <10 SM, o percentual de famílias sem condições de quitar seus débitos caiu de 12,1% em nov/19 para 11,8% no mês seguinte, mas em relação a dez/18, houve alta de 1,4 p.p.

O percentual das famílias muito endividadas aumentou entre nov/19 e dez/19, de 14,4% para 14,5%. Na comparação anual, houve alta de 2,1 p.p. Entre dez/18 e dez/19, a parcela mais ou menos endividada subiu de 23,1% para 23,3%, e a pouco endividada passou de 24,3% para 27,8%.

Com relação às contas em atraso, o tempo médio de atraso foi de 63,6 dias em dez/19, ante 63,5 em dez/18. O tempo médio de comprometimento com dívidas entre as famílias endividadas foi 6,9 meses, sendo que 25,7% delas comprometidas com dívidas até 90 dias, e 31,8%, por mais de 12 meses. Entre as endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas subiu de 29,3% em dez/18 para 29,7% em dez/19, e 20% delas afirmaram ter mais de 50% da renda mensal comprometida com pagamento de dívidas.

O Cartão de Crédito continua na liderança como o principal tipo de dívida para 79,8% das famílias em dez/19, seguido por Carnês de Loja (15,6%), Financiamento de Carro (9,9%), Financiamento de Casa (8,9%), Crédito Pessoal (7,8%), Cheque Especial (6,7%), Crédito Consignado (5,5%), Cheque Pré-datado (1%) e Outras Dívidas (2,3%). Para as famílias com renda <10 SM, o Cartão de Crédito (79,9%), Carnês de Loja (16,5%) e Financiamento de Carro (8,1%), foram os principais tipos de dívida apontados em dez/19. Para as famílias com renda >10 SM, os principais tipos de dívida foram: Cartão de Crédito (79,4%), Financiamento de Carro (18%) e Financiamento de Casa (16,9%).

Portanto, o endividamento subiu em dez/19, atingindo o maior percentual da série histórica. Uma explicação plausível para tal comportamento pode ser a ampliação do mercado de crédito e a melhora do mercado de trabalho, associados ao declínio das taxas de juros. A preferência das famílias pelo endividamento com cartão de crédito continua alta, indicando ausência de educação financeira.

¹/ Mentor e Coach Financeiro, especializado em educação financeira, finanças pessoais, gestão e desenvolvimento de pessoas. Educador e planejador financeiro há mais de 25 anos. É palestrante de temas ligados à educação financeira, finanças pessoais, inteligência financeira, educação corporativa e liderança, além de ministrar treinamentos e workshops nessas áreas. É Master Practitioner em PNL. Economista com mestrado e doutorado em economia, é também bacharel em direito. Tem se dedicado ao estudo do dinheiro nas últimas três décadas. Foi professor universitário durante vinte e três anos e servidor do Banco Central por 36 anos. Visite o site www.ravecofinancas.com e o instagram @ravregisvarao.